Texto de Anna Carletti
Dessa vez gostaria de falar um pouco da presença árabe na fronteira Livramento-Rivera. O texto que segue é parte de uma pesquisa que orientei junto ao Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa, e que contou com o trabalho do acadêmico de Relações Internacionais Ricardo Kotz.
O limite territorial que demarca as cidades gêmeas de Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai) é geralmente conhecido como fronteira aberta ou “Fronteira da paz”, sublinhando a peculiaridade que caracteriza essa região localizada ao extremo sul do Brasil.
Trata-se, de fato, de duas cidades que na prática e no cotidiano de seus habitantes se tornam uma única cidade, dando vida a uma comunidade efetivamente binacional. O que torna essa população binacional ainda mais peculiar é a presença de outras comunidades que chegaram à região fronteiriça durante o século 20, oriundos principalmente da Palestina, Síria e Líbano e que, com o passar dos anos, mesmo mantendo suas características culturais, integraram-se à cultura e à economia de sua segunda pátria.
As comunidades árabes estão presentes não apenas na fronteira das cidades gêmeas de Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai), mas também em outras regiões fronteiriças do Brasil.
Nas primeiras décadas do século 20, a região de Santana do Livramento e Rivera foi destino de imigração principalmente libanesa. Já em meados dos anos 60, são os imigrantes palestinos que começam a chegar em maior número.
Um dos motivos específicos para a instalação dessas famílias em Santana do Livramento e Rivera era o beneficio derivado da fronteira seca e suas oportunidades comerciais. De fato, o comércio era a atividade principal escolhida pelos imigrantes e descendentes da cultura árabe e a forma por eles encontrada de se integrar ao povo brasileiro.
Grande parte do comércio de bens de produção não duráveis existente atualmente em Santana do Livramento e mesmo em Rivera (remédios, alimentos, peças de vestuário), vem de estabelecimentos e de lojas que têm administradores e empreendedores com descendência árabe-palestina. O aporte e as contribuições dessa comunidade se dão de maneira muito mais qualitativa do que quantitativa e têm um impacto muito relevante.
Em Livramento, existem tantos palestinos-muçulmanos quanto cristãos. Atualmente, a comunidade palestina de muçulmanos representa a grande maioria, contabilizando 95% da comunidade árabe. Os muçulmanos possuem uma mesquita, na qual são realizadas as cinco orações diárias obrigatórias ao muçulmano, além das celebrações religiosas, como por exemplo, as que acontecem no mês de Ramadã. Fonte:http://www.notisul.com.br/n/colunas/presenca_arabe_na_fronteira_livramento_rivera_parte_1-32944
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