terça-feira, 28 de agosto de 2012

A memória e a dança


Keice Granzotto Casarri
A Memória e a dança...
Texto de Keice Granzotto Casarri

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A palavra memória vem do latim, que significa: faculdade de reter as ideias. É só lembrar das impressões que se colhe pelo dia-a-dia, que fica fácil entender que memória não é só guardar fatos. Memória também é vivida e representada por sentidos.

Na dança, a técnica não é tudo, a mente é fundamental para o sucesso e é um dos segredos para que uma performance aconteça de forma diferenciada. O modo como a memória se organiza, influencia a execução dos movimentos, pois enquanto agente ativo, a memória deixa vestígios ao longo do tempo.

Hoje, a memória de quem dança, não mais se limita a ser apenas um meio que transmite passos e maneira de executá-los, como uma vida “gravada”. A memória já vai muito além. É busca, invenção e reinvenção. Permite um pensar, um colaborar. Possibilita para quem dança criar uma obra coletiva que se faz e refaz a partir de experiências. Não é algo que se completa ou termina. É algo que se transforma e permanece.

 

domingo, 12 de agosto de 2012

Dica de Filme - Cairo Time



Cairo Time (Meus dias no Cairo)

Há muitos e muitos anos, sou apaixonada pelo Egito... E Pra quem tem esse mesmo fascínio pelo, recomendo esse filme!

O filme “Cairo Time” é um drama romântico sobre um fugaz caso amoroso que apanha um homem e uma mulher completamente desprevenidos. O filme é realização de Ruba Nadda e conta com Patricia Clarkson, Alexander Siddig e Elena Anaya nos papéis principais.

No Cairo, nos seus próprios aposentos e à espera do marido, Juliette vê-se envolvida num romance com o seu amigo Tareq, um agente da polícia reformado. Tareq é quem escolta Juliette em torno da cidade, e mais tarde encontram-se em meio a um affair que pega ambos de surpresa.

Juliette, colunista de magazine, chega ao Cairo para esperar seu marido que está numa missão na Faixa de Gaza. No Egito, ela fica aos cuidados de Tareq, amigo de seu marido. Ele a auxilia nas coisas simples, como levá-la de um lugar a outro, depois ela passa a precisar dele o tempo todo (sabemos como é a vida de uma mulher que anda sozinha e sem véu no Egito).

O filme apresenta uma história diferente que foge dos clichês do gênero de romance. Dois personagens maduros compartilhando as horas, diante de um cenário magnífico. O filme é calmo, por isso provavelmente é quem gosta de cenas movimentadas, não vai gostar desse filme.



No enlouquecedor caos urbano do Cairo, Ruba Nadda resgatou a cultura dos ambientes próprios para homens, onde há chá, café, ouve-se música árabe clássica, joga-se xadrez. Juliette vai até o café que Tareq é proprietário e os homens ficam a observando. Mas em sua ingenuidade ocidental não percebe o significado disso no Egito.

Em contratempo há a descoberta do poder de sedução natural em Juliette, feminina e também sofisticada. Na composição do filme existem elementos marcantes para dar o clima místico, como o requinte nas cores, contraste entre elas, diversas texturas e cenários que nos rementem aos contos das Mil e Uma Noites.

O filme exalta a capital do Egito na sua essência, no seu aspecto turístico e em sua simplicidade. A cidade é personagem principal, sendo capaz de transformar a vida dos dois na trama. Como mostra o dia-a-dia dos Egípcios, há Om Khaltoum no táxi e dança do ventre, rápida... Mas tem! Há também uma cena em que Juliette acorda meio atordoada com o Athan (chamado da mesquita à oração).

Bom, vou falar até aqui. Para saber o resto do filme você vai ter que assistir. Gostei do filme, mas o final não foi o que eu esperava!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Divas da dança do ventre - Tahia, Samia e Nagwa.


 
Tahia Carioca - Seu nome verdadeiro era Abla Muhammad Karim, mas aderiu o nome artístico Tahia Carioca na década de 30. O nome Carioca foi em função de seu derbakista misturar sons árabes aos sons brasileiros, os quais a bailarina muito apreciava. Nasceu em Ismailia, Egito em 1915. Quando adolescente mudou-se para o Cairo, onde começou estudar dança do ventre na escola Ivanova. Depois, na décade de 30, começou a trabalhar no cassino de Badia Massabni ao lado de Samia Gamal. Badia trazia coreógrafos americanos e europeus para ensinar suas bailarinas. Foi neste cassino que surgiram as chamadas bailarinas da idade de ouro da Dança do Ventre. Ao todo Tahia participou de 120 filmes, além de ter trabalhado na televisão e no teatro. O primeiro filme que Tahia fez foi em 1935. Alguns dizem que estreou no filme "Doctor Farahat" e outros dizem que foi no "La Femme et le Pantin". De qualquer maneira Tahia Carioca atuou em filmes egípcios com estrelas de filmes árabes como o cantor e compositor Mohamed Ahdel Wahab e Farid Al Atrache. Seu estilo de dançar era muito diferente de sua amiga e rival Samia Gamal. Em 1963 parou de dançar e passou a dedicar-se somente ao teatro. Foi quando fundou um grupo teatral. Sua primeira peça neste grupo foi sobre a vida de Shafiqa La Copta, obra na qual obteve grande sucesso. Ao todo se casou 14 vezes. Morreu dia 20 de setembro de 1999 aos 79 anos de idade de ataque cardíaco.



Samia Gamal - Nasceu em Wana, uma pequena cidade egípcia, em 1924. Meses depois, mudou-se com sua família para o Cairo. Anos depois conheceu Badia Massabni, que a convidou para integrar sua companhia de dança e a trabalhar em seu cassino. Samia aceitou. Foi Badia quem lhe deu o nome de Samia Gamal, já que seu nome de nascimento é Zainab Ibrahim Mahfuz. Primeiramente estudou com Badia, e com a então estrela do momento, Tahia Carioca. Mas ela logo tornou-se uma solista respeitada e criou seu próprio estilo. Samia Gamal incorporou técnicas do balé (como giros e deslocamentos) e de danças latinas em suas performances. Ela foi a primeira bailarina de dança do ventre a dançar de salto alto, e também tornou o uso do véu muito popular. Estrelou diversos filmes egípcios ao lado do famoso cantor e ator Farid Al Attrach, como "I Love You" em 1949 e "Afrita Hanem" em 1950. Eles ainda tiveram um romance na vida real, mas não se casaram. O romance rendeu também muitas canções. Em 1949, o rei egípcio Farouk proclamou Samia Gamal “A Bailarina Nacional do Egito”, que trouxe atenção dos EUA para a bailarina. Em 1950 Samia foi para os EUA e foi fotografada por G. John Mili. Ela ainda dançou no The Latin Quarter, um nigthclub em Nova Yorque. Depois, Samia casou-se com o milionário texano Sheppard King III, que se converteu ao islamismo por sua causa, mas esse casamento não durou muito. Em 1958 Samia casou-se com Roshdy Abaza, um dos mais famosos atores egípcios, época na qual fizeram alguns filmes juntos. Outro filme internacional que Samia trabalhou foi “Ali baba e os quarenta ladrões”, do diretor francês Jacques Becker. Samia Gamal parou de dançar em 1972 quando estava perto dos 50 anos, mas começou novamente depois, por sugestão de um amigo, Samir Sabri. Ela então dançou até perto da década de 1980. Ela dizia: "Dança, dança, nada além da dança. Eu dançarei até morrer!". Samia Gamal faleceu no dia primeiro de Dezembro de 1994, no Hospital de Mirs no Cairo, aos 70 anos. Samia Gamal, ao lado de Tahia Carioca, é considerada uma das mais famosas dançarinas do mundo. E foi a responsável por levar a Dança do Ventre para Hollywood e Europa. É elogiada e lembrada por seu estilo charmoso e sedutor ao dançar, pela expressividade de seus olhos, bem como pelo quadril leve e solto.


 Nagwa Fouad - A mais famosa das bailarinas da segunda metade do século XX. Nasceu em 1942, sendo filha única de uma família de egípcios. Começou a dançar aos 16 anos em festas de casamento familiares e encontros sociais.
Seu nome de nascimento era Awatef Mohammed El Agamy. Quando se mudou para o Cairo já gostava de dançar e fazia pequenas apresentações, e percebeu que na capital poderia tornar-se bailarina profissional. Aprendeu música e dança ocidental. Também foi cantora, artista de teatro e cinema. O primeiro filme que fez foi "Sharei El Hob" (La Calle del Amor), que contou com a participação de alguns músicos como o cantor Abdel Halim Hafiz com a canção "Olulu". Nagwa Fouad fez a primeira aparição dela no filme com esta música. E na opinião do derbakista Hossam Ramzy foi o mais próximo da melhor demonstração natural de como dança uma jovem egípcia comum. Segundo ele a dança de Nagwa foi “perfeitamente inocente, cheia de amor, emocionalmente bem expressada, traduzindo cada parte da música de uma maneira maravilhosa e retratando o argumento da história em uma atuação magistral que deve ser vista para se crer”. Com este filme Nagwa e Abdel Halim Hafiz tornaram-se famosos e ela tornou-se a bailarina oficial de Abdel, acompanhando-o em todos os seus shows. Em 1976 o lendário compositor Mohamed Abdel Wahab também escreveu uma música especialmente para ela: Arba´ tashar. (colocar trecho da música no site; fazer propaganda do cd para vender no site). Ela se apresentou na Europa e Estados Unidos, onde então fundou uma escola de dança oriental em Nova Yorque. (Esta escola ainda existe?). Vender DVDs dela no site. Reservava em sua apresentações sempre um momento do show especial para o violino. Fez muito sucesso como bailarina nas décadas de 50, 60, 70, 80 e 90. Mas no início de 1992 retirou-se definitivamente da dança para consagrar-se no cinema.










quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Jade El Jabel


Conheci pessoalmente a Jade El Jabel num Workshop organizado pela Shanasis Al Shams em Porto Alegre, RS , 2007. Antes só a tinha visto em DVD mesmo. Amei o jeito como a Jade dançava. Única, com personalidade, altiva, perfeita e desde o começo dava para perceber que ela tinha profundo conhecimento sobre arte.


  • Ela foi aluna de Layla, Samira Samia, Raqia Hassan, Randa Kamel e Dina. Foram professoras importantes na sua vida e de alguma maneira influenciaram seu estilo com o passar do tempo. 
  • Jade é artista por natureza... Antes da Dança do Ventre, conheceu e estudou a música, a literatura e outras formas de dança.
  • Em 1991 surge a Dança do Ventre no seu caminho, na casa de chá egípcia Khan el Khalili.
  • Jade estudou Ballet Clássico e Moderno.
  • Em 2007, em parceria com Tony Mouzayek lançou seu primeiro DVD didático“Jade El Jabel – Interpretando Om Kalsoum”.
  • Jade participou de documentário sobre a Dança do Ventre na França.

A Arte da Dança

Uma técnica muito apurada, perfeita!
Aquela que deseja ser uma boa bailarina deve estudar Jade El Jabel!

Beleza além da Beleza


Texto escrito por Joelma Brasil

Amigas da dança, vivemos em uma sociedade capitalista e cruel, com "padrões " de beleza e estética.
Quando iniciei meus estudos na dança do ventre, foi exatamente por que não tinha o compromisso com os padrões da sociedade.

Sempre amei dançar, minha família não tinha condições financeiras para me colocar em uma escola de ballet, então dançava sempre como podia e sabia. Frequentava desde pequena, comunidades do samba, que eram populares e gratuitas. E também ministrava aulas gratuitas em uma associação de moradores do meu bairro.
Venho do samba, onde perdia de longe para as mulatas com seus corpos esculturais e esguios.
Quando descobri a feminilidade que a dança do ventre proporcionava, e não tinha padrões de beleza, me agarrei com toda força e paixão pela dança como forma de expressão.

Acho que isso foi o grande estopim da minha carreira, fazia com tanta alegria a dança, que contagiava a todos a minha volta. As pedrarias, as franjas e o que podíamos fazer ao som de cada instrumento, me remetia ao passado, onde as mulheres tinham que ser femininas e demostrar a sua beleza verdadeira. Cada uma com o seu charme, uma com pernas grossas, outras com bocas grandes, outras com longos cabelos, mas cada uma tirando a beleza da sua própria beleza.
Descobri mais tarde que essa era a dança balady, a minha dança.

Creio que o grande número de adeptas da dança do ventre, seja examente por isso. Para trabalhar a auto estima, fazendo com que possamos nos expressar, sem ter idade, raça ou peso. Proporcionando á todas tempo e possibilidades para a arte.


O que aconteceu? O que estamos deixando acontecer?
A culpa é da grande maioria, que parece que perdeu a real função da dança e da arte. Estamos aqui para nos alegrar e celebrar a vida, e não competir com beleza. Para isso existem outros caminhos, concursos de beleza e agências de modelos.
Vamos pensar em dança como arte. Como um grande quadro que cada um pinta o seu e cada um vê de maneira diferente a mesma figura.
Minhas palavras não são uma apologia à obesidade, e muito menos a falta de cuidados e vaidade, mas sim a aceitação da sua beleza, como forma única.
Somos únicas e por isso já somos maravilhosas.
O importante é tratarmos da melhora interior, sermos melhores pessoas, mais gratas, mais generosas , amigas e companheiras.

Sejamos felizes através da dança. Sigam o seu caminho. Vejam a beleza além da beleza.


Joelma Brasil
http://joelmabrasil.com.br/

Fonte: http://www.centraldancadoventre.com.br/artigos/1056-beleza-alem-da-beleza


Porque você deve dançar...

Porque você deve dançar...